Carros, aviões elétricos e ESG: a EDP quer ir além da distribuição de energia | CNN Brasil

### EDP Brasil Investe em Novos Modelos de Negócio para o Futuro

A EDP Brasil (ENBR3) tem se preparado para o futuro, buscando criar novos modelos de negócio que não dependam exclusivamente da transmissão e distribuição de energia. Apesar de a demanda por energia continuar em ascensão, a empresa, que também atua na energia solar, deseja expandir suas operações.3 1

Um dos focos da companhia, originária de Portugal, é a crescente demanda por carros elétricos. Um estudo da Boston Consulting Group projeta que o Brasil terá 2 milhões de veículos elétricos até 2030. Embora isso represente uma fração da frota nacional de mais de 40 milhões de carros, o presidente da EDP Brasil, Miguel Setas, vê essa meta como uma oportunidade significativa: “Essa quantidade supera o que muitos países europeus jamais imaginariam em suas frotas”, afirma ele em entrevista ao CNN Brasil Business.

Para suportar essa transição, a EDP está se antecipando ao mercado com a instalação de postos de carregamento ultrarrápidos. Recentemente, a empresa anunciou uma parceria com a rede de varejo Graal, com o objetivo de instalar 30 pontos de recarga em rodovias paulistas até 2022, totalizando um investimento de R$ 33 milhões. Junto com a Graal, as montadoras Audi, Porsche e Volkswagen também estão envolvidas no projeto. “Queremos que os motoristas consigam 100 quilômetros de autonomia com apenas 10 a 15 minutos de carga”, diz Setas.3 1

Além das inovações no transporte terrestre, a EDP também firmou uma parceria com a Embraer para desenvolver um protótipo de avião elétrico, com o primeiro voo previsto para 2021. Setas acredita que essa não é apenas uma tendência, mas uma realidade que trará benefícios em médio prazo. Ele destaca o potencial do mercado de táxi aéreo em São Paulo, especialmente em relação aos helicópteros, onde a cidade ocupa o segundo lugar no mundo, atrás apenas de Nova York.

### Desafios e Resultados no Presente

Enquanto a EDP planeja para o futuro, a empresa também enfrenta desafios no presente, exacerbados pela pandemia. Nos primeiros nove meses de 2020, o lucro da companhia caiu 15,3%, totalizando R$ 299,7 milhões, e o EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recuou 2,7%.

Setas, no entanto, prefere focar em números ajustados. “Se olharmos para as comparações adequadas, nosso lucro aumentou 22% e o EBITDA subiu 19,3% no terceiro trimestre”, destaca. De janeiro a setembro, em termos ajustados, ambos os indicadores tiveram crescimentos de 4,3% e 3,7%, respectivamente.

Os principais negócios da EDP são geração, distribuição, transmissão e soluções em energia. A empresa também aposta na energia solar, que, segundo um estudo da Bloomberg New Energy Finance, deve dobrar sua capacidade até 2040, representando 36% da energia elétrica do país. Com isso, a EDP investe anualmente cerca de R$ 100 milhões na expansão de suas usinas solares.

### Foco em ESG e Mercado

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Setas também enfatiza a importância da agenda ESG (Ambiental, Social e Governança Corporativa), algo fundamental para qualquer empresa nos dias de hoje, especialmente para a EDP, que tem 49% de seu capital na bolsa. “Investidores dos EUA, Europa e Oriente exigem atenção a essa agenda”, observa.

Apesar de uma visão positiva para o futuro, as ações da EDP caíram quase 10% desde janeiro. No entanto, a corretora XP acredita que o preço das ações pode se recuperar em 2021, e a EDP vê sua visão de futuro como uma base sólida para valorização no longo prazo.